terça-feira, 18 de outubro de 2011

Ocupação da Reitoria da UEM - Relato de um acadêmico

Autor: Nelson - acadêmico do 2º de SET

Eis aqui um texto que já estava em meus planos ser escrito, e que ganhou força com o pedido de uma veterana. Escrever sobre a Ocupação da Reitoria para os companheiros de curso que não puderam (ou não quiseram) comparecer pudessem sentir um pouco de como foi.


Curioso que sou, porém desantenado da mídia local, me interei do assunto quando já tinham tomado choque na porta da Reitoria. Senti um sudden burst of energy, aquele chamado intracelular que te impulsiona a agir: eu tinha que estar lá, ver aquilo tudo acontecer. Confesso que a priori fui com o pé no freio, meio que descrente do poder de organização de um movimento que vulgarmente usou de "força" e "depredou" patrimônio público. Chegando na Reitoria a história foi diferente; uma calmaria somada de expectativas e muita esperança pairava nos bastidores da ocupação. Eram conversas sobre intervenções inovadoras, colchoes, panfletos, meias e música por todo canto.


Consegui me identificar logo de cara com tudo aquilo, e me arrependi por não ter passado uma noite no camping site. Baderneiros sem causa? Negativo. Não vou delinear aqui todas as reivindicações (se ainda não sabe quais foram, movimente-se e pesquise!), mas são válidas e serão pro bem estar de todos que usufruem da universidade, ou seja, a sociedade.


Ah, aos descrentes do movimento da ocupação, gostaria de deixar uma palavrinha de um grande Professor e Filósofo, Paulho Ghiraldelli, comentando sobre a educação e como a "classe média burra" a vê: "Vejam só: ela não mais se interessa pela educação. Está com seus filhos na escola particular que se deteriora exatamente porque a escola pública se deteriora. Não percebe que só com uma escola pública boa a escola particular se mantém boa. Não percebe que só com a escola pública boa é que o mercado de produtos culturais pode crescer, e este é o berço clássico dos empregos de classe média escolarizada.


Não se ofenda, se a carapuça serviu, o problema não é meu.


Entendam a ocupação como um ato desesperado de uma causa que precisa urgentemente de visibilidade. Só a Educação garante e sustenta os alicerces do Futuro.


Os atos foram um show a parte: organização, mobilização e disposição transbordaram. Aquela sensação de conectividade e identidade que você não sentia há anos, olhar pro lado e poder sorrir sem saber se é João, José ou Maria ao seu lado. Nem a polícia ousou aparecer por lá, rebateríamos as balas de borracha com sorrisos se assim procedessem.


Pra acabar esse meu relato, deixo um parágrafo de outro Professor, Antônio Ozaí, daqui mesmo, da UEM:


Num tempo em que o individualismo campeia nas esferas do campus é salutar ver jovens que ousam lutar por demandas coletivas. Ouvi e observei atentamente. Tenho orgulho deles, especialmente dos ex-alunos. Foi um tarde/noite na qual o educador foi educado; foi uma aula prática de Ciência Política!”



Nada de final feliz aqui. A batalha foi vencida, mas a guerra continua.


Ouvi alguém gritando...

Hey - tor, We will be back!

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